ATA DA SEPTUAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 06-9-2010.

 


Aos seis dias do mês de setembro do ano de dois mil e dez, reuniu-se, no Plenário Ana Terra do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Dr. Raul, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Toni Proença e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Airto Ferronato, DJ Cassiá, Juliana Brizola, Luiz Braz, Mario Manfro e Paulo Marques. À MESA, foi encaminhado, pelo vereador Beto Moesch, o Projeto de Lei do Legislativo nº 155/10 (Processo nº 3231/10). Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Carlos Todeschini, solicitando Licença para Tratamento de Saúde do dia três ao dia nove de setembro do corrente. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 181 e 182/10, do senhor Valdemir Colla, Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal – CEF. Em prosseguimento, constatada a existência de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador Nelcir Tessaro, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores João Antonio Dib, Pedro Ruas, Airto Ferronato, Luiz Braz, Aldacir José Oliboni, este pela oposição, Bernardino Vendruscolo e Engenheiro Comassetto. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se os vereadores Sebastião Melo, em tempo cedido pelo vereador Tarciso Flecha Negra, e Toni Proença. Na oportunidade, o vereador João Antonio Dib manifestou-se, registrando o transcurso, no dia de hoje, do aniversário da Câmara Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se a vereadora Sofia Cavedon, no tempo do vereador Carlos Todeschini, e os vereadores DJ Cassiá e Dr. Raul. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 3ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 027/10, discutido pelo vereador Reginaldo Pujol. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Reginaldo Pujol. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 104, 127 e 152/10 e o Projeto de Lei do Executivo nº 031/10; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nos 023 e 027/09, os Projetos de Lei do Legislativo nos 135, 148 e 151/10 e o Projeto de Resolução nº 011/10. Às quinze horas e cinquenta e quatro minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Bernardino Vendruscolo e João Carlos Nedel e secretariados pelo vereador Haroldo de Souza, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Haroldo de Souza, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Carlos Todeschini solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 03 a 09 de setembro de 2010.

Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, há uma proposta de autoria da Mesa Diretora para a inversão da ordem dos trabalhos, a fim de entrarmos imediatamente no Grande Expediente, deixando os demais períodos na seguinte sequência: Comunicações, Pauta Especial, Pauta e, por último, Ordem do Dia. (Pausa.) Em votação o Requerimento de autoria da Mesa Diretora. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu tenho muito tempo de Câmara Municipal e já vivi momentos os mais estranhos. Na quarta-feira fui vaiado, fui contestado, tudo porque eu sabia; se eu não soubesse, não teria sido vaiado e não teria sido contestado. Nós aprendemos todos os dias, e eu aprendi naquele dia que devo colocar para a Mesa que todos os Projetos que venham do Prefeito, sejam eles Projetos de Lei ou Vetos, devem ser encaminhados à Procuradoria da Casa. Eu ouvi coisas muito interessantes na quarta-feira. Quando disse que o Prefeito não tinha razões de fazer o Veto, fiz com a tranquilidade de quem conhece o Regimento, de quem conhece a Lei Orgânica do Município. Inclusive, eu disse que o Prefeito devia ser alertado, para que a sua Procuradoria não lhe fornecesse mais processos como aquele para ele assinar. Por outro lado, ouvi um Vereador dizendo que a Câmara foi desmoralizada, porque o Prefeito vetou um Projeto de sua autoria. Não, eu acho que a Câmara se desmoraliza quando os Vereadores propõem Projetos de Lei que são inorgânicos, inconstitucionais, quando a Câmara analisa Vetos e não lê as razões do Veto, como no caso do Vereador, que disse que a Câmara foi desmoralizada.

Nesse caso, o Veto do Prefeito foi brilhante. O Prefeito disse que havia vício de iniciativa. Claro, toda a Câmara sabia que havia vício de iniciativa. Por outro lado, o Prefeito fez uma afirmativa que essa, sim, poderia deixar desmoralizados alguns dos Vereadores desta Casa, por desconhecerem, por não saberem o que está escrito na Lei Orgânica, no seu art. 2º, em que consta que o Legislativo e o Executivo são dois Poderes independentes e harmônicos. Se sancionado o Projeto de Lei do Vereador, o Prefeito estaria impondo condições ao Legislativo. O Prefeito disse que não poderia, até por respeito ao Legislativo, sancionar o Projeto do Vereador, que propôs a instituição, no Executivo e no Legislativo, de medidas publicitárias contra a utilização do crack. Todos nós somos contra a utilização do crack, mas é preciso saber que, para o Legislativo, o Vereador deveria ter feito um Projeto de Resolução e, para o Executivo, um Projeto de Lei. E isso ele não sabia, e isso não desmoralizou ninguém. Ou desmoralizou a todos? Essa é a dúvida que tenho, mas o Vereador não teve dúvida nenhuma em dizer que o Executivo desmoralizava a Câmara. E o que ele fez, quando desconheceu a Lei Orgânica? É o segundo artigo da Lei Orgânica, são dois Poderes independentes e harmônicos! Como é que o Prefeito vai sancionar uma lei determinando coisas para o Legislativo? Será que o Vereador não sabia? Acredito que não houve má-fé, ele apenas não conhecia. E, quando não se conhece a Lei Orgânica e se jurou cumpri-la, a coisa se torna muito séria. Aí, sim, podemos dizer que provavelmente há desmoralização. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PEDRO RUAS: Ilustre Ver. João Carlos Nedel, que preside a Sessão; falo em nome do PSOL - em meu nome, em nome da Verª Fernanda Melchionna - e, certamente, em nome de vários Vereadores. Nós temos uma situação na Cidade que já havíamos comentado anteriormente: está criada, na prática, uma nova perimetral, Ver. Braz, que seria a 4ª perimetral, para a qual não há estrutura e que, a partir de agora, deve ser tratada de uma forma diferente pelo Executivo Municipal. Eu falo da Rua Ramiro Barcelos, que, a partir do momento em que houve a abertura em relação à Av. Protásio Alves, passa a cortar a Cidade, Ver. Melo, desde a Av. Ipiranga até a freeway, ou seja, ela agora tem uma estrutura de perimetral, porém o seu trajeto não tem as condições necessárias para isso.

 

(Aparte antirregimental do Ver. Mauro Zacher.)

 

O SR. PEDRO RUAS: É provisório, diz o Ver. Mauro Zacher. Veja bem, Vereador, não é uma crítica, é um alerta, nós temos que trabalhar mais ali. Nós, Prefeitura Municipal - somos todos membros, Ver. Dib, V. Exª bem sabe, provavelmente mais do que todos -, somos responsáveis por tudo isso. Na Rua Ramiro Barcelos temos que ter faixas de segurança e sinalização de tal maneira que haja uma consonância, uma correspondência entre aberturas e fechamentos de sinais, de semáforos, deve haver faixas de segurança com algum grau de fiscalização ou, até mesmo, com controle eletrônico, em função dos pedestres. Há alguns trechos, como aquele entre a Av. Oswaldo Aranha e a Av. Protásio Alves com a Rua Ramiro Barcelos, Ver. Bernardino Vendruscolo, onde é quase impossível o pedestre atravessar a rua, porque, ou ele se livra dos automóveis que vêm da Rua Ramiro Barcelos, lá da Av. Ipiranga, ou ele se livra dos automóveis que dobram à direita, descendo a Av. Protásio Alves. E ele não tem como se livrar dos dois, porque não há o terceiro tempo.

Então, tem que haver condições de tratar a Ramiro Barcelos como aquilo que ela é hoje, na prática, ou seja, uma perimetral. Ela corta a Cidade desde a Av. Ipiranga até a freeway. O Ver. Zacher diz, com razão, que é provisório, mas mesmo para o provisório - que pode até se tornar definitivo, como tradicionalmente ocorre na nossa Cidade, no nosso Estado e no nosso País - temos que criar condições concretas, reais, de segurança e de trafegabilidade. Pode se tornar definitivo, o que pode ser até positivo, desde que haja segurança e uma consideração com os pedestres, uma consideração que envolve, necessariamente, mais semáforos, que envolve sincronia, Ver. Nedel, entre os semáforos, que envolve faixas de segurança ou lombadas eletrônicas, e aí pode ser até a grande alternativa que faltava à Cidade. Do jeito que está, nós corremos muitos riscos, riscos reais, não é figura de ficção, não é figura de retórica, Verª Juliana Brizola, os riscos são reais!

É uma alternativa provisória ainda, mas talvez importante, talvez definitiva, e tem que se ter o cuidado com aquilo que ela é hoje, ou seja, é uma nova via expressa, em alguns trechos, de alta velocidade. Entre o semáforo da Rua Ramiro Barcelos com a Av. Protásio Alves e a Av. Independência, temos praticamente um trecho de alta velocidade, Ver. Proença, e, portanto, tem que haver esse cuidado. E, com o cuidado, é uma grande alternativa! Por isso esse alerta, esse pedido; nem é uma denúncia, é um alerta! Repito, é um pedido! É uma forma de ver aquilo que pode ser definitivo e que pode ser muito positivo, mas que pode, também, se transformar em elemento de tragédia, se não houver cuidado, se não houver consideração com os pedestres. Nós temos ali o trecho todo do Hospital de Clínicas, é um trecho importante, onde as pessoas, via de regra, não têm o mesmo cuidado, estão acostumadas com a Rua Ramiro Barcelos como era antes; há o trecho Protásio–Ramiro, também muito perigoso, extremamente perigoso, por sinal; e há, finalmente, aquele trecho que vai até a freeway, já descendo e atravessando a Av. Cristóvão Colombo, passando pela Av. Farrapos, onde também precisa haver muito cuidado, Ver. Dib, porque há uma velocidade nova, eu observei isso, algo que não havia, por óbvio, dois meses atrás, quando não tínhamos essa forma de existência da Rua Ramiro Barcelos.

Fica aqui, então, em meu nome, em nome da Verª Fernanda Melchionna, certamente em nome de vários Vereadores, esse alerta, esse pedido para que o Executivo Municipal, por meio do órgão e do setor pertinente, tome os cuidados devidos e faça com que isso seja uma boa alternativa para a Cidade e não um elemento propiciador de tragédias. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores presentes, nossos telespectadores e amigos, ouvintes da nossa rádio; o pronunciamento do Ver. Pedro Ruas me dá a oportunidade de fazer aqui um registro sobre a questão da Rua Ramiro Barcelos. O Vereador está correto na sua posição, no nosso entendimento. Lembro que fui eu, quando era Vereador de Porto Alegre em primeiro mandato, que propus, sugeri que se fizesse a ligação da Rua Ramiro Barcelos até a Av. Presidente Castelo Branco, fui eu que sugeri isso. Acredito que foi uma bela sugestão para a cidade de Porto Alegre, para contribuir com a Cidade e com o nosso cidadão, porque, antes da ligação da Rua Ramiro, que é, sim, uma perimetral que leva fluxos em direção a diversos locais, ingressava-se na Av. Presidente Castelo Branco apenas - claro, mais aqui no Centro - pela rodoviária. Se era um transtorno já naquela época, há quase vinte anos, imaginem o que seria hoje, se não tivesse mais uma ligação para a Av. Castelo Branco.

Na época, meu caro Ver. Pedro Ruas, eu encaminhei uma correspondência ao então Ministro dos Transportes Odacir Klein. Tenho, na minha casa, uma cópia dessa correspondência, em que pedi ao Ministro que a Rede Ferroviária Federal cedesse parte daquele terreno para que se fizesse a extensão, meu Presidente, da Rua Ramiro Barcelos, que ia até a Rua Voluntários da Pátria, para que fosse até a Av. Castelo Branco. Então, meu caro Vereador, essa lembrança positiva, esse alerta sobre a questão da Rua Ramiro ali nas voltas do Pronto Socorro é importante, porque a Rua Ramiro Barcelos é uma grande artéria da cidade de Porto Alegre, e essa rua, por sua característica, une o nosso quase Centro, aqui do bairro Floresta, à Av. Presidente Castelo Branco, passando em direção à Zona Leste e Sul; ela é, sim, uma artéria que precisa de um cuidado todo especial do nosso Executivo, porque viabiliza e facilita uma melhor condição de trafegabilidade em Porto Alegre.

Eu estava ontem em Arvorezinha, Município em que me criei, e encontrei o meu Presidente Tessaro lá. Lá, hoje, tu fazes o seguinte: tu andas no Interior, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta quilômetros com mais segurança, mais rapidez, melhor controle do que nós andamos quatro, cinco, seis quilômetros em Porto Alegre. Eu sei que, se eu saio de Arvorezinha, em duas horas, uma hora, no máximo, estou em Soledade. Agora, eu não sei se saindo de casa, do Morro Santana, chego aqui no Centro em uma, duas horas. Eu não sei, porque o trânsito em Porto Alegre está complicadíssimo e merece uma atenção toda especial do Poder Executivo e também nossa, enquanto Vereadores da Cidade. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras; senhoras e senhores, nós estamos na véspera de 7 de Setembro, mas nenhum Vereador ainda fez referência à data tão importante para todos nós brasileiros.

É claro que nós devemos agradecer não apenas ao herói que, com a espada em punho, às margens do Riacho Ipiranga, acabou fazendo com que todos nós nos lembrássemos para sempre do seu grito “Independência ou Morte!”, mas a todos aqueles que, com toda certeza, durante a história, lutaram para que pudéssemos ter independência. Só que nós não temos ainda independência, nós somos ainda, infelizmente, um povo escravo, até porque a independência só se consegue mediante a Educação, minha querida amiga Juliana Brizola - você, que pertence a uma família tradicional de pessoas que lutam pela educação. Mas, neste País, onde se tenta comprar as pessoas por meio de “bolsa isso”, “bolsa aquilo”, sem oferecer absolutamente nada, para que elas possam construir o seu futuro... Mais de onze milhões de pessoas, meu querido amigo Mario Manfro, recebem as tais Bolsa Família, “bolsa isso”, “bolsa aquilo” - menos a bolsa Educação. Há de tudo para que as pessoas possam receber o dinheiro, possam se acomodar no seu canto e não incomodar ninguém. E, quando chega a época da eleição, aí, sim: “Se você não votar em fulano de tal, nós vamos cortar a sua Bolsa, você não vai receber mais ‘bolsa isso’, ‘bolsa aquilo!’”.

Então, infelizmente, ainda somos escravos exatamente porque não temos Educação suficiente para todas as pessoas que compõem esta Nação, para sermos absolutamente livres. Como aqueles que comandam o espetáculo são extremamente sábios, eles mantêm, Ver. Pedro Ruas, esse verdadeiro exército da ignorância, para que eles possam servir aos seus amos, que dão as esmolas mês a mês, todas as vezes que nós temos aí as nossas eleições. Temos que terminar com essa escravidão! É uma missão de cada um de nós, é uma missão dos Vereadores, uma missão dos Deputados, dos Senadores, dos governantes, do povo, de cada um, de cada cidadão que realmente tem consciência daquilo que está acontecendo. Temos que terminar com essa escravidão, porque, para aqueles que são donos da sociedade hoje, para esses, está tudo muito bom; para esses que mandam na sociedade, por meio dessa esmola distribuída mês a mês, para esses que são os donos da sociedade, tudo está muito bom, mas para o Brasil não está bom. Para o Brasil está muito ruim! E nós temos que ter consciência de que é preciso uma guinada: essas pessoas que estão recebendo esmola mês a mês poderiam estar recebendo um dinheiro para construir, para sair do buraco em que se encontram, para sair da escuridão onde foram colocadas, para terem direito a um amanhã, terem direito a um futuro, direito à liberdade, algo que infelizmente nós ainda não temos. Amanhã, dia 7 de Setembro, por intermédio das paradas que vão estar acontecendo aí pelas ruas da Cidade, das festas que vão ser produzidas, todos vão comemorar uma independência que não existe. Uma independência que nós temos ainda que conquistar!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Apregoo o PLL nº 155/10, de autoria do Ver. Beto Moesch, que concede Título de Cidadã Emérita de Porto Alegre à Srª Nanci Begnini Giugno.

O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que acompanha neste momento a nossa Sessão, eu estava atentamente ouvindo o pronunciamento dos nobres colegas, tanto o do Ver. João Dib, que falava dos Vetos do Prefeito, como o do nosso colega Luiz Braz, que falava da Semana Farroupilha. Temos certeza de que ética e transparência no serviço público, no Executivo e no Legislativo, são de fundamental importância para todos nós. Mas percebemos, Ver. Pedro Ruas, em relação a um dos Vetos - que tem a ver com muito com a Semana Farroupilha, um dos grandes eventos da nossa Cidade, aqui no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho -, que é preciso haver mais transparência.

Em 1996 foi aprovada uma lei que regulamentava o Acampamento Farroupilha, mas não se tinha nenhum indicativo de prestação de contas sobre esse evento. Foi muito, muito suspeita essa arrecadação, Ver. João Bosco Vaz, de dois milhões e quatrocentos mil reais, e, ao mesmo tempo, foram gastos dois milhões e quatrocentos. E hoje não se tem uma infraestrutura adequada para os piquetes, para os cidadãos que participam do Acampamento Farroupilha. Um dos Vetos do Prefeito a este Projeto de Lei de minha autoria, quanto à obrigação de prestação de contas após trinta dias do evento e à destinação de 10% da arrecadação com as parcerias privadas e não públicas para a infraestrutura, coloca-nos, sem dúvida nenhuma, uma suspeição. Se, com a Petrobras, com a Schincariol, se obtiveram, no mínimo, duzentos mil reais em cada uma delas, por que não destinar parte desse percentual para a infraestrutura da drenagem do Parque, por exemplo? Na Semana Farroupilha, na semana de setembro, no mês de setembro, aqui no Sul, sabemos o quanto chove, e o quanto é importante termos um local aprazível, humanizado, porque por ali milhares ou quase um milhão de pessoas transitam. O Governo Municipal, Ver. Pedro Ruas, aceitou a prestação de contas, por isso fez um Veto parcial ao Projeto de Lei, vetando um dos elementos fundamentais do Projeto: a destinação de 10% para investimento na infraestrutura. Ora, quando é que nós conseguiremos ter um Parque humanizado, adequado às necessidades da nossa Cidade, inclusive de todo o Estado do Rio Grande do Sul, que, por sua vez, faz parte desse grande evento?

A iniciativa da Câmara - se não me engano, foi o Ver. Airto Ferronato o idealizador da Emenda que destinava quinhentos mil reais para infraestrutura, proposta assinada por todos os Vereadores... Corrige-me o Ver. Sebastião Melo dizendo que foi uma iniciativa de todos os Vereadores, eu me lembro de ter assinado isso. Essa proposta foi vetada pelo Prefeito Municipal. Depois de uma Semana Farroupilha chuvosa, novamente, todos nós perceberemos que a água tomou conta do Parque, e todos gostariam de ter acesso a ele; perceberemos, claramente, que o Prefeito, mais uma vez, vetou uma iniciativa simples, um sinalizador de que era possível fazer investimentos no Parque. Será que só a SMAM, só o DMLU, só a SMOV, com poucos recursos ali investidos, vão poder humanizar o Parque? Eu creio que não! É preciso uma ação mais firme, mais real no sentido de que destinarmos recursos da Peça Orçamentária, porque, pelo Projeto de Lei, só ficou a prestação de contas.

Essa reclamação não é só nossa, dos Vereadores; esta é uma reclamação de noventa e nove por cento - para não dizer cem por cento - dos piqueteiros que estão ali, dos cidadãos que vão ali. É preciso humanizar mais, porque o local, infelizmente, em dias chuvosos aqui no Sul, principalmente no inverno, é muito úmido, há muita chuva! Até quando nós vamos continuar assim, se são tantos os cidadãos e Vereadores que defendem o Parque Temático para já?

Então, em nome da Liderança de oposição - do PSOL, do PSB, do PT -, queremos fazer uma reflexão sobre isso. A Semana Farroupilha pode ser melhor para nós, gaúchos e porto-alegrenses. Foi feito muito em locais aonde as pessoas vão, como na Usina do Gasômetro e no Parque da Redenção. Por que não fazer agora em outros locais que são importantes para a nossa Cidade? Esses locais são importantes porque recebemos ali pessoas de todo o Brasil, até de fora do Brasil, que reclamam da infraestrutura, que percebem que o Rio Grande do Sul tem muita coisa boa a oferecer. De repente, nós nos damos conta de que é preciso fazer muito, cabendo às autoridades criar um pouco mais de possibilidades para a infraestrutura. Nós, como cidadãos, devemos cobrar do Executivo uma humanização do Parque, hoje conhecido como Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu tratarei aqui do mesmo assunto, mas, antes de mais nada, quero agradecer à Liderança do PMDB por ter me proporcionado este momento, ainda que eu também venha para reclamar do Governo, mas com uma diferença, Ver. Oliboni: eu não esqueço que este é o meu Governo. E V. Exª esquece que o seu Governo esteve por dezesseis anos no poder e não fez nada! Vamos fazer o registro de que esse problema não é deste ou daquele Governo; é de todos os Governos, que poderiam ter feito e não fizeram! Então, vamos fazer...

 

(Aparte antirregimental.)

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Vamos fazer justiça! Vamos fazer justiça! Eu tenho aqui uma coleção de fotografias que tiramos na madrugada de sábado para domingo - até barco se usou para andar entre os galpões. (Mostra fotografias.) A Emenda da Câmara, Vereador, de quinhentos mil reais, não foi vetada! Ela não foi é executada! Ela não foi vetada! E o seu Projeto... Quando a gente se dispõe a fazer... E eu quero elogiá-lo por isso. Mas o seu Projeto, desde o início, foi um salseiro de informações contraditórias. Vossa Excelência se esqueceu de olhar a legislação já aprovada.

 

(Manifestações no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Há um Vereador na tribuna, por favor!

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Apresentou um Projeto que desconsiderava leis já aprovadas por esta Casa e sancionadas pelo Prefeito que estão em vigor. Vossa Excelência retirou, pediu suspensão, fez reparos. E aquilo que o Prefeito vetou nós já havíamos alertado de que seria vetado, até porque, se V. Exª fizer um estudo mais apurado da sua proposta, verá que ela é muito confusa, é muito difícil de ser aplicada, é uma mistura! Tecnicamente, se V. Exª consultar a sua assessoria jurídica, vai ver que o Prefeito não teria como sancionar. Não adianta aprovarmos uma legislação sem condições de aplicá-la depois! E esse é o caso do seu Projeto naquilo que foi vetado!

Acho que todos nós, Ver. Nedel, Ver. Dib, que aqui representa o Governo, como nosso Líder, quem sabe possamos estudar algo coletivo sobre o evento da Semana Farroupilha. Eu fico muito feliz quando alguns Vereadores - agora são muitos - vêm aqui e fazem seus discursos em defesa do assunto, parece-me que, à medida que os anos passam, a gente vem se somando. O assunto é muito preocupante, porque nós estamos na Capital dos gaúchos e estamos perdendo espaço para outros Estados que estão oferecendo condições bem melhores que as nossas! Nós poderíamos, sim, já estar contando com o Parque Temático funcionando, mas hoje não temos essa condição, porque, muitas vezes, nós nos dividimos e, em nos dividindo, acabamos não tendo a força necessária para implementarmos aquilo que já deveríamos ter aqui em Porto Alegre. Com a Copa do Mundo, com certeza, muitos aqui virão para conhecer mais de perto o que nós temos para oferecer. E o que nós temos hoje, fora a Semana Farroupilha, são CTGs, com todo o respeito, a maioria deles quebrados financeiramente. Não temos mais vida noturna no que diz respeito à nossa culinária, aos nossos usos e costumes. Há alguns anos, tínhamos aqui em Porto Alegre os restaurantes João de Barro, Recanto do Tio Flor, La Pulperia e mais tantos outros que eu esqueci.

Então só há um caminho: a soma de esforços dos Vereadores para conscientizarmos o nosso Executivo, independentemente de quem estiver no poder, para que tenhamos algo mais completo. Não há como permanecermos assim. Santa Catarina e Mato Grosso do Sul já estão na frente, cidades do Interior já estão construindo parques temáticos, e nós permanecemos aqui fazendo discursos. De qualquer sorte, fica a nossa gratidão àqueles Vereadores que se somam não só no discurso, mas na prática, para ver o que têm para oferecer.

Apelamos aos Vereadores para que possamos fazer um almoço coletivo lá no acampamento, no dia 20, possivelmente no Piquete Aporreados do 38, que está com um projeto maravilhoso. Fica o nosso apelo para que façamos essa visita; uma confraternização por lá. Com isso, cada vez mais, nós nos somaremos. E aqui a Assessoria me traz outra fotografia: isto aqui já é brincadeira com o Vereador que estava lá presente, claro que lá não tem peixe, mas é uma brincadeira, e nós respeitamos. Parque, Ver. Engenheiro Comassetto, para o qual os nossos Governos até hoje não deram a atenção merecida. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Tarciso Flecha Negra.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Ver. João Carlos Nedel, na presidência dos trabalhos; meus colegas Vereadores, minhas colegas Vereadoras, esta Casa é uma Casa peculiar, nós estamos em pleno feriadão com o plenário cheio e com temas importantes sendo tratados aqui. Primeiro, eu quero agradecer ao Ver. Tarciso Flecha Negra, da Bancada do PDT, que me cedeu este tempo.

Inicialmente, quero falar de uma matéria que votamos aqui na quarta-feira, Ver. Braz. Eu votei “sim”, mas estava e continuo com a mesma opinião: não é o remédio correto para enfrentar aquela matéria. Votamos uma lei limitando o tamanho dos atacados, porém todas as instruções que se fizeram foram na direção de que uma determinada empresa, uma multinacional, não se instalasse. Só que ela já aprovou, dentro da Secretaria, um empreendimento na Av. Sertório e outro na Zona Sul. E uma lei não retroage para prejudicar. Então, eu acho que precisamos chamar uma reunião lá na Comissão de Constituição e Justiça, Ver. Pedro, para tratar desse tema, que não está resolvido com aquela lei.

Segundo, eu vou um pouco mais além, Ver. Braz: acho que nós temos que discutir o conjunto da Cidade. São construídos shopping de vinte mil metros quadrados, trinta mil metros quadrados, e eu não vejo nenhum Vereador ser contra. Aliás, V. Exª foi autor de uma lei que autorizou o aumento do Shopping Iguatemi. Então eu acho, com toda a sinceridade, Ver. Dib, que temos que discutir esse assunto. Quer dizer, hoje temos dez shopping dentro da “boca do forno” para serem abertos. Bom, aí eu tenho um supermercado de dois mil metros quadrados dentro do shopping, mas o shopping é de trinta mil. E o que causa um shopping? Um shopping traz, muitas vezes, uma solução e, outras vezes, ocasiona um caos na Cidade! Será que Porto Alegre precisa de mais shopping centers, Vereador?

Estou propondo, na verdade, o seguinte: eu acho que o remédio apresentado, e o Ver. Braz é muito competente, é um Vereador muito diligente... Será que, na divisa com Viamão ou na divisa com Alvorada, o tamanho para fazer um atacado deva ser de 2,5 mil metros quadrado? Eu entendo que não! Lá, quem sabe, podem ser sete mil metros quadrado, no bairro Cavalhada não pode nenhum. Então a lei precisa ser aperfeiçoada.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Ver. Braz, concedo-lhe honrosamente.

 

O Sr. Luiz Braz: Vereador, quando nós fizemos aquela legislação de 2005 - que não foi com uma lei, com um Projeto desta Casa, foi um Projeto do Executivo - para limitar o varejo a 2,5 mil metros quadrados, nós permitimos que, nos corredores de produção, se fizesse com mais de 2,5 mil metros quadrados. Ora, os atacados também, nos corredores de produção, podem construir com mais de 2,5 mil metros quadrados. Agora, não é justo que seja dentro dos limites fora dos corredores de produção. Aí V. Exª quer fazer uma comparação entre shopping e supermercados. E V. Exª, que é um Vereador muito inteligente, sabe muito bem que para abastecer um supermercado eu preciso de uma ou de várias carretas; agora, para abastecer uma lojinha de shopping, eu posso vir com um automóvel pequeno. Então, a diferença, Ver. Sebastião, é que o shopping é composto por várias lojas pequenas, enquanto que um supermercado sozinho precisa de várias carretas para fazer o abastecimento. Só por isso.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu agradeço a sua contribuição, mas firma mais a minha convicção. Primeiro, não é nos corredores de desenvolvimento; é permitido esse tipo de atacado da Av. Sertório para lá, isso a lei já permite. A pergunta que eu faço é a seguinte: eu vou engessar toda a Cidade? Não, o que eu estou propondo é o seguinte: vamos fazer o mapeamento. Há lugares em que não pode mesmo, mas há lugares em que pode.

O que tem acontecido é que a Cidade não tem recursos para infraestrutura, a maioria das obras que têm acontecido na Cidade ao longo do tempo são obras compensatórias. Tomemos como exemplo o BarraShoppingSul: duplicaram a Av. Diário de Notícias - estão terminando - e transferiram as famílias para a Vila Nova. O Governo não botou nada. Então, quando se abre um shopping, tenta-se às vezes produzir remendos, Ver. Pedro Ruas.

Lá na Av. Nilo Peçanha, por exemplo, vai abrir um novo shopping. Porto Alegre tem 650 mil veículos particulares, Ver. Comassetto. Diariamente, entram de oitenta a cem veículos na Cidade. A aferição vai de oitenta a cem veículos por dia, três mil por mês! Cinquenta por cento da venda de um veículo vai para os cofres do Governo Federal. E as montadoras querem vender. Então, tu tens dois adversários terríveis, ferozes, que querem colocar carros de qualquer jeito na Cidade, mas as ruas são as mesmas. As “ramiro barcelos” são as mesmas. Fizeram uma Perimetral que custou 250 milhões de reais, que vão ser pagos em vinte anos, e não fizeram um estacionamento subterrâneo, Ver. Braz; não fizeram os viadutos que deveriam fazer, não fizeram os túneis que deveriam fazer!

 

O Sr. Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebastião Melo, eu quero retornar ao primeiro tema à que V. Exª se referia: o Projeto que está tramitando e que foi semiaprovado. A lei, é verdade, não impede que aquele empreendimento da rede Walmart se instale. O problema não é esse; o problema, do meu ponto de vista, é que a lei atual - a 532 - não está sendo respeitada; é que aquele Projeto está sendo aprovado com um grau de irregularidade. Por quê? Porque ele vai atuar como varejo e está propondo ser aprovado como atacado. É esse um dos grandes problemas que a lei - que nós discutimos na semana passada - trouxe à tona. Portanto, eu acho que esse debate não se encerra com a aprovação da lei.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Por isso, Ver. Pedro Ruas, eu quero sugerir a V. Exª - o Ver. Braz é da Comissão de Constituição e Justiça, o Ver. Pujol também: vamos chamar uma reunião, porque eu acho gravíssimo aprovar gato por lebre. Eu estou dizendo que vai ser um atacado e vai ser um supermercado. Então, quem está aprovando tem problemas. Agora, se eu não fizer isso, quem vai bater palmas pela lei é a Walmart, porque, com a lei que foi aprovada nesta Casa, outros empreendedores não vão poder fazer, mas eles já têm dois aprovados. Aí, a lei vai exatamente ao encontro, ao desejo da Walmart, porque aprovou o da Av. Sertório e o da Zona Sul, e eu produzo uma lei em que outros não podem fazer, Verª Fernanda. Eles vão fazer, e outros não poderão fazer. Aí não terão concorrência! Por isso acho que tem que ser chamada uma reunião para clarear essa questão. E eu sou parceiro para entrar nesse debate.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero cumprimentar Vossa Excelência. Entendo que a Comissão de Constituição e Justiça é uma Comissão importantíssima desta Casa, mas ela não pode trancar tudo ou inviabilizar exageradamente as proposições. Veja V. Exª que só estamos tratando desse assunto desta maneira, democraticamente, porque o Projeto passou pela Comissão. Se não tivesse passado, não estaríamos debatemos da forma que estamos. Por isso, mesmo que passe, ela acaba sendo positiva.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Ver. Bernardino, eu não sei se V. Exª entendeu. O que eu estou dizendo é o seguinte: estão dizendo que o Executivo não está cumprindo lei; ou seja, está aprovando uma coisa de forma irregular. Estão aprovando alguma obra fora da lei? Bom, a Comissão de Constituição e Justiça pode chamar uma reunião, inclusive em parceria com outras Comissões, e produzir um debate. Chama o Secretário de Planejamento, chama o Procurador do Município, e, evidentemente, vamos indicar caminhos.

Eu também queria aproveitar este tempo para falar de outra questão. Nós aprovamos aqui nesta Casa... Vocês sabem que, quando Presidente desta Casa, fomos ao Prefeito e criamos uma Comissão, que ainda funciona, para extirpar leis inócuas, fizemos muito isso e também compilamos muitas leis. Mas eu quero dizer o seguinte: a regra, no Brasil, é não cumprir lei e não regulamentar lei! Olha, não adianta esta Casa votar leis, leis e mais leis, e elas não serem cumpridas! Nós aprovamos uma lei sobre os postos de gasolina, dizendo que não pode haver nenhum posto ao lado de estádio de futebol, ao lado de creche, ao lado de colégio, de grandes movimentações. Pois eu passo pela Av. Edgar Pires de Castro, esquina com a Estrada Costa Gama, e vejo que há um posto de gasolina a treze metros de um colégio que tem mais de mil crianças! E mais, Ver. Pedro Ruas: numa rótula que tem previsão de duplicação, Ver. Comassetto! Eu quero explicação desse negócio! Ou regulamenta a lei ou diz que a lei não é boa. Agora, deixar para a “burrocracia” dizer que aqui pode, aqui não pode, desse jeito pode...! Está errado isso!

 

O Sr. Pedro Ruas: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu, inicialmente, lamento que projetos políticos e a vida política em geral vão tirar V. Exª desta Casa, para outros projetos, talvez, mais relevantes, mas a Cidade perde. É importante o que V. Exª traz para reflexão. Em segundo lugar, a Comissão de Justiça fará este trabalho! Fará este trabalho, porque a sugestão é séria e está ao nosso alcance. Em terceiro lugar, a questão dos shopping tem que ser estudada com o mesmo rigor que foi estudado o varejo supermercadista. Com o mesmo rigor! É importante a denúncia! Repito a pergunta de V. Exª que ficou sem resposta: Porto Alegre precisa de mais shopping centers? Eu ouso responder: não! Não! Eu li numa revista - não recordo o nome, não sei se era Piauí, eu não recordo, não quero errar nisso - que Porto Alegre é a Capital, no nosso País, que mais metros quadrados de shopping tem por habitante. Portanto, nós temos que ter cuidado e realmente ter uma legislação que impeça que isso continue, porque as medidas compensatórias são somente compensatórias, elas não resolvem o problema daquilo que é criado pelo shopping.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Se eu não estou enganado, Ver. Pedro Ruas, só hoje devem “estar no forno”, Verª Fernanda, mais de sete shopping centers, muitos deles já iniciados. Esta Casa precisa de um olhar mais de conjunto da Cidade, porque, cá para nós, o comércio de rua já foi morto há muito tempo por várias razões, uma delas foi o estabelecimento dos shopping centers. Então, realmente, esse gancho vai nos levar a uma discussão necessária.

Por isso quero voltar à questão dos postos de gasolina, Ver. Dib, à Lei nº 521. Eu quero fazer um apelo a V. Exª, homem trintenário de serviços a esta Casa, Prefeito, Líder reconhecido pela Cidade e por nós: converse com o Governo; se não quer regulamentar a lei, vamos fazer mudança na lei. Agora, não pode botar posto de gasolina dentro de shopping, ao lado de creche, ao lado de colégio, e hoje isso está acontecendo na Estrada Costa Gama com a Av. Edgar Pires de Castro, a catorze metros de um colégio que tem mil crianças. São mais importantes as crianças de Porto Alegre ou os postos? E aí dizem assim: “Olha, o proprietário há vinte anos tentava aprovar e não conseguiu. Aí resolveu alugar, e, de uma hora para a outra, quem alugou conseguiu aprovar!” É o que dizem por aí!

Eu acho que nós fizemos uma lei e temos convencimento de que ela é boa, tenho convencimento de que ela é boa; foi uma lei do Ver. Elói Guimarães dizendo que não pode haver posto de gasolina a menos de quinhentos metros um do outro. Também dissemos que ao lado de clube de futebol não podia haver mais e hoje já tem; que ao lado de creche não podia ter mais, ao lado de colégio; então, se a lei é boa, vamos cumpri-la. Por que é que há leis que regulamentam e outras que não regulamentam? A “burrocracia” da Prefeitura manda mais do que o Prefeito? As Secretarias mandam mais do que o Prefeito? É isso?! Eu não quero acreditar nisso.

Por isso, Vereadores e Vereadoras, eu acho que os gestores brasileiros tinham todas as condições, na década de 60, de saber que o Brasil deixaria de ser rural, Ver. Toni, e passaria a ser um “brasilzão” urbano. Mas os gestores quase nada fizeram! Viva Loureiro da Silva, que foi, para mim, o maior Prefeito que esta Cidade teve, porque muito do que está aí hoje foi obra desse cidadão, que lá na década de 50 traçou uma 3ª Perimetral, que nasceu vinte anos atrasada! E eu não posso olhar mais para uma Perimetral cujo corredor central está completamente vazio e os corredores laterais lotados! E o Secretário Senna não permitia essa discussão; o Botin caminhava nessa direção. Nós temos de fazer uma experiência de deixar passar táxi, passar lotação. Se a experiência não der certo, em sessenta dias, muda-se! Agora, não dá, não dá!

Outra coisa: nós precisamos ter uma política bem mais adequada de transporte pesado nesta Cidade. Tem de haver mais restrições; em determinados momentos, liberar. “Ah, vai custar um pouco mais, vai andar de noite.” O.k., mas esse é o preço que se paga. Se nós continuarmos nesse ritmo, sem ter o metrô... Dez capitais brasileiras já têm, Ver. Haroldo. Esta Cidade tem um milhão e meio de habitantes, não é possível que Porto Alegre esteja atrasada em relação a outras capitais, não tendo metrô! Trinta por cento da frota de ônibus que chegam ao Centro de Porto Alegre são da Grande Porto Alegre! Chegam ônibus com seis pessoas, com cinco pessoas, com quatro pessoas, criando um verdadeiro caos no Centro, na maior rodoviária aberta do mundo!

Se tivesse um metrô, meu amigo, as pessoas chegariam à Av. Assis Brasil e pegariam o metrô; chegariam à ponta de Cachoeirinha e pegariam o metrô; portanto, chegariam ao Centro usando o metrô, e não os carros. O caminho é qualificar o transporte coletivo e restringir o uso particular de carro. Senão, daqui a três anos, sabem o que vai ter que acontecer? Os colégios particulares vão ter de começar às 8h; os públicos, às 9h; os serviços municipais, às 7h; o outro, às 11h, para se poder restringir um pouco o fluxo de trânsito. Hoje, da minha casa até aqui, se for no horário das 7h, eu levo de 45 minutos a uma hora; se for no horário das 8h30min, levo vinte minutos. Muito obrigado, Presidente, desculpe-me pelo excesso no tempo.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Muito obrigado, Ver. Sebastião Melo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o nosso Ver. Sebastião Melo disse que esta é uma Câmara sui generis. No meio do feriadão, a absoluta maioria dos Vereadores está aqui trabalhando. Só que nós nos esquecemos de que hoje a Câmara está fazendo 237 anos, sendo que, desses 237, dez anos, de 1937 a 1947, ela esteve interrompida. Hoje faz sessenta e dois anos e nove meses que se reabriram os trabalhos, e estamos na 15ª Legislatura. Longa vida à Câmara! E uma salva de palmas para os Vereadores! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel; colegas Vereadores, Vereadoras, senhoras e senhores, amanhã, dia 7 de Setembro, se comemora a Independência do Brasil. Temos que fazer uma análise do tema Independência sob o ponto de vista da geopolítica brasileira. Quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, trouxe consigo uma orientação da monarquia lusitana, e isso veio até o ato de Independência - na verdade, era uma briga entre pai e filho dentro da própria monarquia e deixou essa orientação na estrutura brasileira. Até hoje, nas nossas instituições, o grande peso da burocracia, das estruturas pesadas brasileiras, emperra o desenvolvimento.

O Brasil, mais recentemente, no seu período republicano, e em diversos períodos, teve avanços e recuos. Passamos por períodos turbulentos, passamos por uma ditadura militar, que reprimiu a liberdade, mas o País, aos poucos, foi se reencontrando nesse seu papel da Independência. Hoje o Brasil é um país reconhecido mundialmente e caminha para se tornar, oxalá, a quarta ou quinta economia ou nação deste planeta, independentemente do PIB. Esse processo se iniciou recentemente, e temos que citar aqui, sim, o Presidente Lula, a quem o mundo tira o chapéu: ele obteve 96% de aprovação, Ver. João Antonio Dib. Na semana passada, eram 94%; na última pesquisa, que saiu agora, subiu mais dois pontos na aceitação da população brasileira.

Se falarmos na política da Educação, em cem anos construíram-se cento e quarenta escolas técnicas federais no Brasil; nesses últimos sete anos e meio, são mais de duzentas e catorze! Tive o prazer de participar, na sexta-feira, da aula inaugural da Escola Técnica Federal de Porto Alegre na Restinga, já com 420 jovens. A maioria dos jovens daquela região não teria oportunidade, Ver. DJ, se não fosse a escola técnica pública, cem por cento gratuita. E mais: eles receberão auxílio para o deslocamento, passagens e algo mais para estudarem. Isso não é só ali. Na semana passada, foram anunciados mais sete campus universitários no interior do Rio Grande do Sul. E há alguns que criticam, falam que o Brasil está inchando a sua máquina pública, que tem muito gasto com Educação. Educação não é gasto, é investimento, investimento num povo, para torná-lo independente. Um país só é independente quando sua população tem Educação, quando tem meios de sobreviver.

Trinta milhões de pessoas saíram da miséria nesse período recente, e aí há aqueles que dizem que o Bolsa Família é um projeto que dá esmola aos pobres. Agora, todos sabem que, para uma família, para uma mãe solteira que não tem casa, com quatro, cinco filhos, que mora na periferia, está desempregada, receber oitenta reais para as crianças irem à escola é o início de um processo de dignidade. É claro que não queremos que um programa como esse se perpetue. Esse é um processo de resgate inicial daqueles que sempre foram excluídos do processo de construção e na dita Independência do Brasil. Independência é quando a Nação passa a ser respeitada, passa a ter soberania, quando o seu povo passa a ter voz e vez. Se considerarmos, Ver. João Carlos Nedel, só o campo da habitação, um milhão de habitações tiveram concluídas suas contratações, e já está lançado o Programa Minha Casa, Minha Vida 2, para mais dois milhões de habitações.

Tive o prazer de, na última quinta-feira - o Ver. Sebastião Melo, que me antecedeu, falou dos problemas estruturadores das cidades -, participar do ato de lançamento de nada mais nada menos do que o projeto do aeromóvel, que está aqui na nossa frente. Está há vinte anos parado ali, com tecnologia construída e inventada por um gaúcho, o Coester. O Presidente Lula, por meio do Ministério das Cidades, liberou 27 milhões de reais para fazer o aeromóvel da estação de metrô até o Aeroporto, para que seja desenvolvida a tecnologia, levá-la aos meios urbanos e - por que não? - exportá-la para o mundo. Independência é quando um país como o Brasil aponta o caminho da busca da autossuficiênca tecnológica. Precisamos de educação, tecnologia, precisamos de riquezas distribuídas, e não concentradas, como foi na história imperial e na história recente deste País.

Portanto, Sr. Presidente, em nome do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, queremos fazer essa reflexão. Amanhã será dia 7 de Setembro, num Brasil que vem crescendo, que vem distribuindo renda. Precisamos ter um projeto republicano, não de governo, mas de Estado, que aponte cada vez mais a sua afirmação no continente e no mundo. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Toni Proença está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. TONI PROENÇA: Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, quem propôs este debate foi o Ver. Braz, e sigo a linha de a gente comemorar a Independência do Brasil na sua data-símbolo, amanhã, dia 7 de Setembro. Um país completa a sua independência quando traz para os seus cidadãos, para toda a sua população a oportunidade de educação e de um ciclo educacional completo; também completa a sua independência quando o empreendedor nacional recebe o apoio e a proteção necessária para que o desenvolvimento que ele produz chegue a todos os cidadãos desta Nação; o País completará a sua independência quando completar o ciclo que está vivendo nos últimos anos. O Brasil está vivendo, neste momento, o seu quarto ciclo.

O primeiro foi o da redemocratização. Todos nós lutamos muito para que o País readquirisse a sua democracia plena. Hoje nós podemos, no dia da eleição, votar para Presidente da República, para Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Prefeito ou Vereadores e, no mesmo dia, saber o resultado da eleição. Mais do que isso, o resultado é acatado plenamente, e os eleitos tomam posse sem nenhum problema. O segundo ciclo, que passamos a viver depois da redemocratização, foi o da estabilidade econômica. Nós, da população do Brasil como um conjunto, lutamos muito contra este inimigo voraz que consumia a dignidade e a capacidade de geração de trabalho e renda do Brasil, que era a inflação. Conquistamos a estabilidade econômica. Vivemos, mais recentemente, o ciclo do crescimento. O Brasil tem crescido a taxas só comparáveis às da Rússia, da Índia e da China, e assim chegou até aqui. O nosso quarto ciclo e nosso desafio daqui para frente é o ciclo do desenvolvimento, da sustentabilidade ao nosso crescimento. E aí, Ver. Braz, o senhor tem razão: o Programa Bolsa Família - todos nós concordamos, é consensual - é fundamental, ele ainda não encontrou a sua porta de saída.

Quero aproveitar que estamos aqui a comemorar a Independência para fazer um apelo ao Governo Federal e aos meus Pares no sentido de que a gente envie um Requerimento ao Governo Federal solicitando a inclusão da Escola Técnica da Restinga na Rede Certific. A Rede Certific é um programa do Governo Federal. Vou ler (Lê.): “Um programa de certificação de saberes adquiridos ao longo da vida. Você que é um profissional de música, construção civil, turismo e hospitalidade, eletroeletrônica ou pesca e que não tem sua qualificação reconhecida pode entrar em contato com uma das 37 escolas [eu estou pedindo que sejam 38, incluindo agora a Escola Técnica da Restinga] que oferecem a formação e conseguir o seu diploma”. Como funciona isso? O cidadão ou a cidadã vai até uma escola técnica, um instituto de educação profissionalizante, expõe o conhecimento que adquiriu ao longo da vida por meio do seu trabalho, da sua profissionalização, a escola certifica aquele conhecimento e, mais do que isso, oferece oportunidade para que esse trabalhador ou essa trabalhadora desenvolva novo conhecimento com cursos não formais.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Toni, primeiramente, quero compartilhar da convicção de que o Brasil agora está numa outra fase de independência, de fato, com esse largo tempo de desenvolvimento com inclusão e com crescimento econômico, que não produz uma inflação. A gente não tem uma coisa ou outra - ou seja, desgraça sempre -, nós encontramos o equilíbrio. E mais: temos um grande movimento de mudança de classe social no País. E aí quero dizer que o Bolsa Família está chegando aos mais desorganizados, aos mais empobrecidos, às famílias mais miseráveis - nesse caso, é muito difícil uma porta de saída. O alargamento da possibilidade de consumo, mediante o salário mínimo, que também cresceu muito, e a ampliação de empregos têm aberto oportunidades importantes.

Ver. Toni, quero dizer que o Ver. Comassetto foi generoso com o tema do Ifet na Restinga, que está começando num prédio alugado. As últimas notícias que tenho é de que a infraestrutura que o Governo Municipal tinha de fazer ele ainda não realizou - os acessos, a CEEE não ligou luz, a obra está atrasada -, e o recurso do Governo Federal já está há dois anos aqui! Mesmo assim, o Governo Federal alugou um prédio, e as aulas já foram iniciadas com quatrocentos jovens. Então, acho que a gente tem, sim, que fazer uma reflexão com os governos. O Ver. DJ Cassiá, que foi Presidente da Comissão de Educação, quantas vezes já pautou esse tema na Comissão? E nós continuamos com dificuldades para que a Escola Técnica da Restinga tenha um prédio próprio, o que é inaceitável!

Com relação a essa possibilidade de certificação, quero dizer que o Instituto Federal Campus Porto Alegre, a antiga Escola da UFRGS, também pode e deve certificar. O Instituto conta com catorze cursos técnicos e, quem sabe, já não está na lista, Ver. Toni.

 

O SR. TONI PROENÇA: Obrigado pelo aparte, Verª Sofia. Eu sou um entusiasta das escolas técnicas, e o Instituto não está na lista. No Rio Grande do Sul, temos os campus de Arroio do Sal, Caxias do Sul, Alegrete, São Vicente do Sul, São Borja, Júlio de Castilhos e Panambi. Por isso fiz questão de vir a esta tribuna, para festejar o nosso Dia da Independência, saudar as manifestações que houve aqui, todas elas pertinentes, e solicitar aos Srs. Vereadores e às Sras Vereadoras que encaminhemos esse expediente ao Governo Federal, para que Porto Alegre seja incluída, por meio do Ifet ou da Escola Técnica da Restinga, a fim de que possamos participar do programa Rede Certific, que certifica o saber dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

E, Verª Sofia, a porta de saída do Bolsa Família, quando a gente fala, é para os adultos, porque, na verdade, o Bolsa Família já concede uma porta de saída para os filhos desses adultos. Eu sou um otimista, e a gente sempre faz questão de lembrar que ainda vamos construir - temos visto várias iniciativas de todos os Governos - uma saída para dar dignidade a essas pessoas que participam hoje do Bolsa Família, que já resgataram um pouco da sua dignidade por meio do Programa, que elas possam sair dele enfrentando as suas dificuldades com os seus próprios meios e com o seu trabalho. Espero, sinceramente, que daqui a um ano a gente possa estar aqui de novo comemorando avanços significativos para toda a população e conquistando, finalmente, a independência do Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações, no tempo do Ver. Carlos Todeschini.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Nedel, presidindo os trabalhos; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; seguindo no tema da Independência, quero falar que a nossa independência veio muito depois do dia 7 de Setembro. A libertação dos escravos em 1888 - na verdade, ainda não terminou - foi outro marco superimportante. E é sobre esse tema que eu quero tratar, porque parece que a gente já realizou a independência do nosso País, mas ainda vivemos situações como a do Quilombo Silva, onde vivem remanescentes de quilombos, Ver. Nedel. Nosso País, que submeteu um povo à condição de indignidade, de subumanos, faz agora a justiça social do passado e, de forma lenta, vem reconhecendo terras de propriedade dos descendentes dos negros escravos, dos chamados quilombos urbanos, os que estão nos centros urbanos.

O Quilombo Silva - assim foi reconhecido um quilombo localizado no bairro Três Figueiras, um bairro de classe média alta - é um quilombo de resistência que vem enfrentando muitas dificuldades. Os últimos episódios que eles viveram estão sendo denunciados pela Internet; inclusive, dia 31, houve uma manifestação. Esses episódios demonstram o quanto estamos longe ainda de tratar todos os seres humanos da mesma forma, com o mesmo respeito, com a mesma dignidade.

Eu tenho aqui um relato que envolve, infelizmente, um setor da Brigada Militar, e não quero considerar que é a postura de toda a corporação. No dia 24 de agosto, a Brigada Militar abordou de forma brusca e comprometedora, chutou, empurrou um jovem do Quilombo Silva que chegava do trabalho. (Lê.) “Mesmo demonstrando que era trabalhador [vou ler partes do relato], os brigadianos espalharam sua vianda de comida e o ameaçaram, dizendo que, se reagisse ou contasse a alguém, ele seria enxertado com drogas e o levariam preso. O rapaz explicou que era morador do Quilombo [...], mesmo assim os brigadianos ignoraram sua fala e continuaram a agredir. Em seguida, sua irmã, que passava pelo local [...]” Bom, depois de muita história, resolveram largá-lo. Continuo (Lê.): “No mesmo dia, mais tarde, outro jovem quilombola que retornava do quartel também sofreu abordagem por parte dos mesmos policiais, que o agrediram, algemaram e o ofenderam moralmente dizendo: ‘Aqui não é lugar de vileiro, de pobre! É, sim, lugar de gente rica! Nós vamos te enxertar drogas se reagir!’” Tamanho preconceito expresso foi testemunhado por vários jovens que estavam por perto. Quando eles viram que ele estava servindo no Exército, libertaram-no.

Mais (Lê.): “No dia 25, o responsável pela família dirigiu-se ao posto policial da 8ª Delegacia, acompanhado de um advogado, para verificar as medidas que seriam tomadas perante as repetidas investidas dos policiais aos moradores do Quilombo e para solicitar a escala de serviços dos brigadianos, a fim de que pudessem os identificar. [...] Ao ouvir a denúncia, a orientação do policial foi de que teriam que ir ao Comando do 11º batalhão, de que não poderiam oferecer a escala dos trabalhos dos policiais ali citados e de que não tinham o que fazer. Às 18h30min do mesmo dia, esse senhor estava com seu neto, que brincava no velocípede em frente à placa de titulação quilombola, quando se aproximaram dois brigadianos com arma em punho ameaçando-o. Nesse momento, um dos moradores do quilombo que saía para ir ao açougue aproximou-se, mostrou a identidade dizendo que todos por ali eram trabalhadores, perguntou até quando essa perseguição estaria acontecendo, reclamou do que fizeram com seu filho no dia anterior. Nesse momento, os policiais o agrediram e o ameaçaram de morte”. Aí, um brigadiano chamou reforço; chegaram uns trinta brigadianos no Quilombo Silva, que é um lugar de várias famílias, entraram no Quilombo como se estivessem caçando animal e invadiram as casas. “Estavam descontrolados, cegos, irados; apavoraram as crianças do Quilombo que gritavam incessantemente por socorro, e uma criança gritou: ‘Pai, chama a Polícia!’”

Essa é a ironia do evento ocorrido. E, aí, o pessoal chamou um advogado. Esse senhor que questionou os policiais sobre até quando continuaria aquele tipo de abordagem foi levado para a delegacia. O advogado encontrou esse senhor algemado, sentado no chão de frente para a parede. E o testemunho do advogado é de que os soldados não sabiam nem preencher o Termo Circunstanciado. E o advogado começou a perguntar: “Você deu a ele o direito de chamar o advogado?” Eles começaram a responder, e o chefe deles, ao ver que os seus subordinados estavam falando demais, chamou os dois e mandou que ficassem quietos, dizendo que eles se enrolariam. O advogado também perguntou se leram os direitos e, após o interrogatório, conseguiu levar o chefe de família honesto, trabalhador, para casa. Ou seja, foram vários episódios, uma invasão inexplicável e inaceitável a uma comunidade negra, assustando crianças, jovens, desrespeitando.

No final, o manifesto diz que, na verdade, o Quilombo Silva há tempos estava para ser cercado. Eles cobram providências do INCRA, da SEPPIR - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - e da Prefeitura, porque falta iluminação, falta estrutura, falta um tratamento diferenciado. Não podemos ser cínicos, de novo, como fomos cínicos na libertação dos escravos, que, na verdade, foram expulsos das terras onde trabalharam tanto tempo, não levaram nenhum direito, saíram analfabetos, desempregados e sem nenhuma estrutura para um mundo que até hoje está aí: 80% dos pobres são negros, acho que 90% dos prisioneiros são negros, portanto a herança desse povo continua nas marcas da discriminação. Então, o nosso cinismo continuará se demarcarmos a área quilombola, por exemplo, nas Três Figueiras e acharmos que eles podem pagar o imposto que pagam os vizinhos nas Três Figueiras, imposto que é altíssimo, é uma área nobre, ou que não devemos demarcá-la como lugar diferenciado, com iluminação, com segurança, com um trabalho, inclusive, vamos dizer, de pacificação com a vizinhança - ali há escolas importantes - e com um tratamento que eles merecem e não serem tratados como bandidos circulando em área onde podem assaltar, que é o que aconteceu aqui.

Então, gente, acho que precisamos repudiar esse episódio. Estou organizando uma Moção de Apoio ao Quilombo Silva, porque acho que a Câmara deve chamar a atenção do conjunto das autoridades para que o acontecido não se repita. Nós temos o Quilombo dos Alpes, que estive visitando esses tempos, de fato, eles perderam um espaço que tinham de geração de renda. Estão precisando de muito apoio no Quilombo dos Alpes. De fato, vamos realizar independência com democracia social, com democracia verdadeira, que é quando todo o povo tem direito, é respeitado e tem um tratamento igual, um tratamento de quem é cidadão igual aos outros perante a lei. Viva a Independência do Brasil!

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, imprensa; atentamente, eu estava prestando atenção aos oradores que me antecederam, inclusive ao colega Ver. Engenheiro Comassetto, que, com muita sabedoria e conhecimento, estava discutindo a questão das escolas técnicas. Quero mais uma vez dizer que o Governo Federal, o Presidente Lula, por meio da contribuição dos impostos, faz um investimento correto, que é na prevenção. Ele dá condições ao jovem de se preparar para a vida, então tem que se dar parabéns ao Governo.

Ver. Engenheiro Comassetto, não posso esquecer também do Governo José Fogaça. Eu, como Presidente da Comissão de Educação desta Casa, presenciei - não li no jornal e não assisti na televisão, eu fui pessoalmente -, como outros vários colegas, a inauguração de escolas infantis, foram 37 novas escolas infantis - trinta e sete! Salvo melhor juízo, este é um dos Governos que mais construíram, que mais investiram em escolas infantis. Posso dizer que foi uma revolução em educação infantil para aqueles que precisam.

Ora, sobre a questão do Programa Bolsa Família, é uma necessidade que hoje é suprida pelo Governo Federal. Muitas crianças, muitas famílias conseguem se alimentar, conseguem sobreviver dessa contribuição que o Governo dá. Mas mais digno seria se essas famílias tivessem um emprego, se os filhos dessas famílias tivessem uma educação de qualidade. Mais digno seria se o Sr. João, pai do Zezinho, no futuro, pudesse mostrar a sua Carteira de Trabalho para o seu neto, dizendo: “Tive oportunidade, tive emprego e me aposentei nessa empresa”. Isso, sim, seria e deve ser o certo. Não estou, de forma alguma, desqualificando a questão da ajuda que o Governo Federal dá. Não! Mas não é isso que eu quero para o meu povo lá da vila e da comunidade. O que eu quero é emprego! Eu quero educação para aquelas crianças! Prevenção para aquelas crianças! É isso que eu quero, e é o que eles querem lá naquelas comunidades carentes: esporte, cultura, educação. Isso, sim.

Agora, quero confessar às senhoras e aos senhores que o Presidente Lula tem deixado um exemplo no seu Governo. Como eu já disse várias vezes, eu não tenho dificuldade nenhuma de exaltar um político ou um Governo que faz o bem à sociedade. De forma alguma! A minha bandeira política é o povo, é a sociedade. Antes do meu Partido, vêm aqueles que precisam, que me deram o voto de confiança para estar aqui os defendendo. Agora, é impressionante um Governo ter aprovação de 96%. Eu quero dizer aqui às senhoras e aos senhores que eu acredito em Deus. Minha religião é Deus, eu respeito todas as religiões. Agora, Jesus Cristo, se descesse à Terra hoje, teria menos popularidade de aceitação que o Lula. Desculpem-me! Desculpem-me, essa é a minha visão! Eu acredito em Deus, que é a minha religião, mas Deus, se hoje descesse à Terra, teria menos aprovação que o Lula!

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. DJ Cassiá, em primeiro lugar, nós precisamos saber se essa pesquisa é correta, porque, em todos os lugares que eu chego e faço essa pergunta, a resposta que eu recebo não é nesse percentual. Então, primeiramente, eu preciso confiar nos pesquisadores, para depois, realmente, chegar a essa afirmação. Por enquanto vou continuar sendo - e sempre - Jesus Cristo. No outro, eu estou duvidando, porque não confio nas pesquisas.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Obrigado, Ver. Luiz Braz. Eu também acredito em Deus.

Agora, para finalizar, Sr. Presidente: eu não estou questionando a pesquisa, de forma alguma, eu só estou dizendo que tem muita gente que não acredita em Deus. Eu acredito; não é o meu caso. Mas repito: hoje, deus na Terra se chama Lula, pelas pesquisas, com maior aceitação. Vou finalizar aqui, Ver. Bosco, dizendo: Governo que não investe em educação não tem interesse no desenvolvimento do seu povo. Não tem mesmo! Não tem! Sr. Presidente, agradeço-lhe a tolerância. “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci!” Emprego para a minha comunidade, educação para minha comunidade já!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Dr. Raul está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. RAUL: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, todos os que nos assistem, num primeiro momento eu gostaria de deixar a minha ideia também em relação ao Programa Bolsa Família, que foi tão falado aqui. Há muitos anos - são mais de trinta anos na área da Saúde Pública - tenho me dedicado às populações mais pobres. Eu sempre ouvi muito o seguinte, em relação à pesca, isto era muito falado: “Tem que dar a varinha, não pode dar o peixe” ou “Cada um tem que fazer por si, e seja o que Deus quiser”. Muitas pessoas até se locupletavam dessa situação do povo e faziam iniciativas muito pouco agradáveis nesse sentido. A minha posição em relação ao Bolsa Família é que ele veio para ficar por um bom tempo. Enquanto as nossas políticas públicas no Brasil não avançam como deveriam, enquanto nós temos esta população carente, praticamente na miséria, essas senhoras que temos nas nossas vilas populares com três, quatro filhos, que não conseguem fazer um planejamento familiar efetivo... O que acontece? Isso é o diferencial para esse pessoal. Infelizmente, é um diferencial importante. E foi uma grande sacada que se fez nos últimos anos no Brasil. Transformou-se de maneira legal esse donativo, vamos dizer assim, fazendo com que a população tenha um reconhecimento e um endeusamento por meio do voto. Acredito que por um lado é bom, mas por outro lado temos que avançar muito.

Estamos num País independente. Amanhã, estaremos festejando a Independência do Brasil. Dom Pedro I, lá no Ipiranga, deu o grito, e nós saímos do domínio português e entramos na autonomia política de brasileiros. Não estaríamos aqui hoje, com esta liberdade, se tal fato não tivesse ocorrido. Então, precisamos também festejar o nosso patriotismo e a nossa independência, porque, mal ou bem, com problemas ou não, nós somos um País independente, onde se pode crescer. As iniciativas podem prosperar, todos nós podemos crescer sem amarras.

Queria também falar da minha felicidade de estar sendo bem recebido em muitos locais, principalmente pelos nossos idosos, pessoas a quem tenho me dedicado muito nos meus mandatos. Eu acho que os bailes de idosos são fantásticos, são maravilhosos, Ver. João Bosco Vaz. Pessoas com cinquenta, sessenta, setenta anos... Não! Há rainhas ali com quarenta e poucos anos que já estão no baile dos idosos. E o que a gente vê? Que há uma dinâmica, uma empatia, um congraçamento fantástico. Todo dia em Porto Alegre nós temos vários desses bailes. Não é um, nem dois. E essas pessoas que promovem têm que ter um reconhecimento e têm que estar na cultura da Cidade. Teriam que ter um reconhecimento, inclusive, da nossa Secretaria de Cultura, por meio de ações que possam ajudar esse tipo de situação. Brevemente, vamos ter um baile em reconhecimento aos pioneiros da criação desses bailes. São pessoas que, há mais de vinte anos, vêm trazendo essa satisfação, esse momento de congraçamento, esse momento lúdico que é o baile, o encontro das pessoas. Acredito que isso é extremamente importante.

Para finalizar, eu gostaria de deixar uma mensagem de reconhecimento ao Petrópole Tênis Clube, que também, como na Independência do Brasil, amanhã completa 69 anos de idade. Aproximando-se da sétima década.

 

(Aparte antirregimental do Ver. Reginaldo Pujol.)

 

O SR. DR. RAUL: O Ver. Reginaldo Pujol também acrescenta os seus cumprimentos aqui. Exatamente, o Clube aproxima-se da sétima década, vai entrar para ser um octogenário futuramente, também o nosso Ver. João Antonio Dib vai chegar lá - é um homem ainda novo, graças a Deus! Estamos juntos. E é muito importante para todos nós essa data. Todo o mês de setembro é muito tradicional em função de todas as coisas que temos no nosso tradicionalismo, da própria Independência do Brasil e Farrapos. Estamos trazendo a nossa mensagem e o nosso apoio. Saúde para todos!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Maurício Dziedricki está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente.

Passamos à

 

PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/10 minutos/com aparte)

 

3ª SESSÃO

PROC. Nº 3204/10 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/10, que altera a Lei nº 10.741, de 18 de agosto de 2009, que dispõe sobre o Plano Plurianual para o quadriênio 2010-2013 e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, tenho a circunstância favorável de poder falar sobre dois assuntos. Falarei no Plano Plurianual para o quadriênio 2010/2013 e, em Comunicação de Líder, abordarei outro assunto, de certa forma, conjugado com este. Antes de mais nada, quero saudar a presença, na Casa e no Plenário, do Ver. João Bosco Vaz, uma pessoa que, nos últimos tempos, não tem estado muito aqui na Casa porque esteve na Secretaria Municipal de Esportes durante vários períodos e voltou com um propósito bem definido, que eu não vou declarar por causa das regras eleitorais que me impedem de dizer exatamente aquilo que todos sabem, mas mesmo assim o Vereador está aqui conosco. Saúdo o Ver. João Bosco Vaz!

O Plano Plurianual, que está sendo submetido ao exame da Casa, é um retrato municipalizado do quadro que vive a Nação nos dias atuais. Se observarmos o Plano Plurianual, veremos duas ou três centenas de Projetos anunciados. Há os projetos globais e os subprojetos, que têm outra denominação agora. Na nomenclatura, na padronização da apresentação deste Projeto de Lei, alteraram-se alguns nomes, que eu, veterano, ainda não aprendi todos, tamanha a profusão de siglas e nomes que hoje surgem. Eu digo que, no fundo, ele retrata a situação vivida na Nação e no Estado, porque a maioria dos programas ali anunciados fica na dependência da transferência de recursos federais, que têm minguado para Porto Alegre nos últimos tempos. Agora, tem-se uma esperança, uma expectativa com o chamado “esforço da Copa”, que vai incluir algumas obras há muito tempo reclamadas pela população de Porto Alegre e que o bom senso determinaria que já tivessem sido feitas.

O Ver. João Dib, que, num determinado momento, foi Prefeito da Cidade, sabe perfeitamente bem que a chamada Av. Cruzeiro do Sul ou Av. Tronco - tem vários nomes - era uma pretensão nossa, quando trabalhávamos com Vossa Excelência - nós éramos Diretor do DEMHAB -, aproveitando recursos que tínhamos no extinto BNH. Essa foi uma extinção das mais calamitosas da história deste País, pois o BNH era o grande agente do desenvolvimento urbano que se tinha na ocasião, sem politicagem, sem venda de falsas ideias; era até muito rigoroso nessas circunstâncias, mas havia a possibilidade, mediante os projetos CURA - Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada... Já estávamos no BNH e no BNDES com projetos; eu levei o Dr. Dib, então Prefeito da Cidade, até o BNDES para tratar de um superprojeto que tínhamos montado, que ficou todo feitinho e que a Nova República explodiu. Aí começou um período de paralisação das grandes obras nesta Cidade.

Hoje, quando nós aqui ouvimos de passagem o Ver. Pedro Ruas falando da 4ª Perimetral, dizendo que a 4ª Perimetral é a Rua Ramiro Barcelos, vemos que ele desconhece que, desde o Governo do Prefeito Loureiro da Silva, está projetada a 4ª Perimetral, que, em grande parte, será a Av. Fernando Ferrari. Mas, de tudo isso aqui em Porto Alegre - o Ver. Sebastião falou antes, ele tem razão -, quase nada se faz a não ser com as chamadas “contrapartidas”. Isso, evidentemente, quando tu não fazes uma programação geral, é mais ou menos como colocares uma rede de esgoto com canos de cinquenta centímetros numa pequena área cuja rede geral é de trinta centímetros: vais liberar naquela pequena área e estrangular logo ali adiante. É tão grave a situação aqui em Porto Alegre - lamento que não haja pessoas com condições de divergir de mim, porque os apoiadores dos “dezesseis anos” não estão aqui neste momento -, que a 3ª Perimetral, última obra de maior volume a ser feita nos últimos vinte anos em Porto Alegre, quando concluída, já estava superada. De certa forma, poderíamos dizer que, quando ela foi iniciada, já estava ultrapassada, porque era uma proposta de muito tempo, cujas primeiras manifestações concretas foram realizadas trinta anos atrás ainda pelo Prefeito Villela e pelo Prefeito Dib, quando fizeram aquele binário que liga a Av. Benjamin Constant a...

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Vossa Excelência passa a falar, a partir de agora, em Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Isso me deixa com mais liberdade para seguir no assunto, porque eu poderia, eventualmente, estar me desvirtuando do objetivo principal, que era falar sobre o Plurianual, mas o Plurianual não pode ser discutido nesta Casa ignorando essas circunstâncias.

O Ver. Sebastião dizia aqui, com propriedade, há pouco tempo, das dificuldades que nós temos de investimento. Então, nós vamos ficar eternamente falando e discursando enquanto não houver um novo encaminhamento para a distribuição do recurso público neste País. Não é possível que, para que seja feita no âmbito municipal uma obra de maior porte, a gente tenha que depender, no mínimo, de um financiamento do Governo central, por meio do seu agente - o BNDES ou Caixa Econômica Federal -, ou de um empréstimo externo. O Brasil se exibe de estar bancando o Fundo Monetário Internacional... Diz-se que o Brasil não pede mais recurso para o FMI, que empresta recurso a ele, em compensação não há Prefeito de média cidade que adiante que, assumindo, não vai correndo imediatamente tentar pegar um financiamento do BID, que é quem financia, inclusive, programas que nós estamos tendo aqui na Cidade, como o Pisa, mediante o Fonplata, e outros tantos programas que são efetivamente necessários.

Por isso, nesta sexta-feira, em que me dei um fim de semana de debate político e é a data máxima da Pátria, não temos nenhum propósito de aquecer o debate nesta segunda-feira meio morna, mas temos o propósito, Ver. João Bosco, e o compromisso de avivar o debate. Lamentavelmente, neste País, nós vivemos, nos dias de hoje, uma verdadeira história da carochinha: as próprias pesquisas - na sua maioria lidas superficialmente, apresentadas nesse final de semana por um tradicional instituto de pesquisa de opinião pública, que há muito tempo não acerta em nada, e as pessoas parecem que não querem ler - mostram que, dos pesquisados, a metade não tinha opinião, estava indefinida. Ora, assustar-se ou ficar pasmo diante de um resultado da metade de um todo é, no mínimo, uma leitura inadequada.

Então, posso até ser responsabilizado pelo que vou dizer, mas tenho a viva expectativa de que daqui a trinta dias, ao menos no Rio Grande do Sul, mais especificamente em Porto Alegre, onde eu moro, poderemos desmentir tudo isso e demonstrar que essa é uma das maiores farsas já montadas neste País. Como disse o Ver. Cassiá há pouco, por essas pesquisas, Jesus Cristo perde de goleada para o Lula. E olha, como cristão, eu fico um pouco assustado, porque, se há dois mil anos Ele é o favorito, é o que conduz a civilização ocidental, e agora vocês me dizem que, pelo IBOPE, Ele vai perder para o Lula, a coisa ficou complicada!

Por isso, Presidente, eu saúdo V. Exª, que é um grande tradicionalista e que deve trazer, um dia desses, para não ser parcial, um lenço de cor diferente; eu vou presenteá-lo com um lenço branco, um lenço da paz, para que não agrida os nossos olhos com esse lenço vermelho, que pode ser coisa de colorado ou de comprometido com uma ideologia que não é minha. Agradeço a tolerância e eximo V. Exª de culpabilidade por essa agressão não ao Regimento, V. Exª está de acordo com ele, mas aos nossos olhos, com esse lenço colocado no seu pescoço! Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra em Pauta Especial. (Pausa.) Ausente.

Não havendo mais inscrições em Pauta Especial, passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2388/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 104/10, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que altera os arts. 3º e 4º e inclui art. 3º-A na Lei nº 7.555, de 21 de dezembro de 1994 – que institui, como evento oficial do Município de Porto Alegre, a Maratona de Porto Alegre e dá outras providências –, dispondo sobre realização, promoção e patrocínio dessa Maratona. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. Nº 3130/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 152/10, de autoria do Ver. Mauro Zacher, que inclui a efeméride Rosh Hashaná – Ano Novo Judaico – no Anexo à Lei nº 10.904, de 31 de maio de 2010 – que institui o Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre e organiza e revoga legislação sobre o tema.

PROC. Nº 2710/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 127/10, de autoria da Verª Maristela Maffei, que concede o título de Cidadã de Porto Alegre à senhora Jussara Rosa Cony.

 

PROC. Nº 3244/10 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 031/10, que altera a Lei nº 6.151, de 13 de julho de 1988, e cria 99 (noventa e nove) cargos de professor de provimento efetivo na Administração Centralizada e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 4231/09 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 023/09, de autoria da Verª Juliana Brizola, que regulamenta o inc. I do art. 17 e o art. 18 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda nº 01.

 

PROC. Nº 5993/09 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 027/09, de autoria do Ver. Elias Vidal, que inclui inc. IV no art. 5º da Lei Complementar nº 618, de 10 de junho de 2009 – que institui a adoção de equipamentos públicos e de verdes complementares por pessoas jurídicas e revoga a Lei Complementar nº 136, de 22 de julho de 1986 –, ampliando o rol dos itens constantes no Termo de Adoção a ser firmado entre as pessoas jurídicas e o Executivo Municipal.

 

PROC. Nº 2813/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 135/10, de autoria do Ver. Carlos Todeschini, que cria o Programa Acolher.

 

PROC. Nº 3067/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 148/10, de autoria do Ver. Carlos Todeschini, que determina seja denominado Unidade Básica de Saúde Fradique Vizeu o equipamento público a ser instalado em terreno localizado na Rua Frederico Mentz, nº 370, Bairro Farrapos.

 

PROC. Nº 1505/10 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 011/10, de autoria da Verª Maria Celeste, que concede o Diploma Honra ao Mérito à Sociedade Partenon Literário.

 

PROC. Nº 3129/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 151/10, de autoria do Ver. Mauro Zacher, que denomina Praça Maurílio Alves Daiello o logradouro público cadastrado conhecido como Praça 6323, localizado no Bairro Espírito Santo.

 

O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Não há nenhum inscrito em Pauta. Como atendemos às expectativas de hoje, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

    

(Encerra-se a Sessão às 15h54min.)

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